sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Apesar de você...

Primeiro passou desapercebida, Médici mandou censurar e ficou proibida de tocar nas rádios, enfim, Apesar de você, hoje tocou no meu rádio e eu cantei com toda revolta e alegria.
Revolta pelas atrocidades que foram cometidas pela mulher mandona, autoritária e sem escrúpulos que você foi, cerceou direitos, torturou, causou dor, sofrimento e alegria por ouvir o galo cantando livre, sem parar...
Apesar de você, hoje posso viver o sonho daqueles que foram dilacerados por sua estupidez!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O homem e os grilhões do ideal!

A vida ideal,
o relacionamento ideal,
a profissão ideal,
o carro ideal,
o quadro ideal,
a música ideal,
a cor ideal,
o livro ideal,
o texto ideal,
o discurso ideal,
a roupa ideal,
a bebida ideal,
a margarina ideal,
o encontro ideal,
o torpedo ideal,
a piada ideal,
o capitalismo e o ideal,
a sociedade consumista e o ideal,
o homem e o ideal,
o homem, o ideal e a frustração,
o homem, o ideal, a frustração e doses de Prozac
o homem, o ideal, a frustração, as doses de Prozac e a solidão.
o homem e os grilhões do ideal!
Liberte-se dos rótulos, de ideologias que não condizem com aquilo que você acredita, liberte-se dos grilhões que o impedem de ser quem de fato você é, de ser feliz!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Palavras e Silêncio.

Ele estava ali sentando no sofá, com o coração batendo
treslucamente, estava nervoso, não sabia o que dizer,
o que fazer, suas pernas tremiam, suas mãos suavam,
ele queria que ela o acalmasse, que falasse ou fizesse algo
respirou fundo...subitamente tudo caiu no silêncio e só o barulho
das porcelanas se fazia ouvir na cozinha.
Ela voltou com duas xícaras de café, sentou se ao lado dele,
segurou suas mãos trêmulas e disse:
Apenas segure minhas mãos, venha comigo e não fale nada!
Foram até a janela, se abraçaram ficaram ali calados, a lua ia ganhando
colorido, a lua já não era mais tão branca, mas ainda exibia uma tonalidade
clara, sem aquele brilho frio das noites de inverno.
E as pernas dele não tremiam mais, as mãos já não suavam, ele estava calmo,
não teve vontade de dizer nada, só conseguia lembrar de um ditado que sua mãe falava
"as vezes o silêncio vale mais do que mil palavras."

Um lugar para chamar de Lar

Enquanto esperava o horário de partida, sentou-se no banco da estação
de ônibus, olhou o relógio, ainda faltava quarenta minutos para voltar
para sua casa, ela ia voltar!
Olhava ao redor, pensando como aquele lugar era pequeno
e cercado nos quatro cantos de simplicidade, beleza e natureza,
gostava de tudo naquele lugar, saiu da estação e foi andar pela praça.
Os cabelos exageradamente ruivos pareceram-lhe
ainda mais vibrantes devido aos raios que recebiam do sol,
caminhava lentamente observando tudo,
como se fosse uma criança que acabava de chegar ao mundo.
O vento soprou e ela sorriu, deixou a alegria que emanava das maravilhas
daquele lugar tomar conta do seu ser, contemplou cada cor,
cada sorriso, cada flor, cada gesto como não havia feito antes, olhou o relógio
e viu que já estava na hora de partir, entrou no ônibus voltou para casa.
Comprou uma lata de tinta, pintou as paredes da sala de branco, chorou, cantou, sorriu, guardou seus pertences em uma caixa, pegou a mochila
e partiu feliz para o lugar pequeno, cercado nos quatro cantos de simplicidade, finalmente enfeitaria a mesa com o girassol e pregaria na parede a placa de madeira que ganhará de presente e estava guardada há tempos, com aquela frase curta e clichê, que tanto gostava: Lar doce Lar!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Eu...

Eu sou as cores de Frida Kalo, o amor fervoroso das poesias de Neruda, as sonatas para piano de Mozart, sou como o pianoforte capaz de produzir som com alta intensidade, sou o solo vibrante de Hendrix, as rimas de amor de Caetano, a eloqüência das letras de Lenine, sou as folhas de sonho no jardim...

E sou a História, filha do meu tempo, querendo ser problematizada, interpretada, com minhas inquietações e convicções, eu sou o tempo memorável, passado e presente, sou sujeito na História e não objeto dela...
Eu sou o amor exagerado de Shakespeare, o suspiro de paixão, a lembrança que chega de repente, o desejo ardente que se faz presente, as lágrimas no meio do filme, a gargalhada incontida, tenho a ternura de uma menina num corpo de mulher.

Eu sou eu e minhas circunstâncias, um coração pulsando, tentando viver por algo maior!!!!

Eu, você e a ideologia fatalista do determinismo!

Não, eu não estou tendo uma crise existencial, definitivamente não!
Só estou tentando fazer uma breve reflexão sobre a conotação da expressão “A realidade é assim mesmo”. Que tanto me incomoda, que muitas vezes fez com que eu deixasse de ser afável e assumisse uma postura ríspida.

Não quero contemplar com esse discurso neoliberalista, universal, monótono, repetitivo e fatalista que foi incutido no imaginário das pessoas, que está presente, no ônibus, na mesa de bar, na sala de espera do dentista, em nossas casas, um discurso laudatório, de que nada podemos contra a realidade social que, de histórica e cultural passou a ser “quase natural”.

Não dá para aceitar e justificar as mazelas do mundo e os conflitos internos, através dessa lógica determinista, posto que, a realidade não é inexorável, o homem é sujeito da história e o porvir não é algo pré-estabelecido, mas um desafio, por algo maior, bem, por igualdade, justiça e liberdade !

Precisamos emergir da esfera determinismo para a esfera da crítica, o silêncio, a complacência diante das injustiças resulta na imobilidade dos silenciados, na legitimação de ações desumanas e em ideologias que escravizam o homem.