terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Crônicas de uma pré Balzaquiana

Ser uma quase Balzaquiana, ou uma pré- Balzaquiana, é, trocar o X-bacon salada com suco de manga, por uma fatia de queijo branco fresco e um suco de morango com colágeno hidrolisado, besuntar-se inteira de Renew e ir de bote pra academia treinar como se não houvesse amanhã, mesmo que esteja caindo o maior pé d'água e você esteja cansada depois de exaustivas horas de trabalho. É trocar as noites em claro na balada todos os finais de semana, por uma sombra fresca em baixo de uma árvore num parque sábado a tarde na companhia de um bom livro. É descobrir pequenos prazeres da vida, misturar temperos e criar um prato novo enquanto você degusta uma cerveja de trigo, cantando e dançando aquelas músicas que são trilha sonora nos salões de beleza, taxistas, é assistir o mesmo filme algumas vezes e perceber coisas novas, atrever-se a escrever uma crítica. É fazer uma releitura dos seus vinte e poucos anos, das alegrias, tristezas, conquistas, fracassos, perdas. É cantar músicas de comerciais de quando você era criança no meio do expediente do nada, rever amigas (os) de infância e ficar feliz e abestalhar- se junto com eles ao recordar de velhas brincadeiras, códigos secretos, músicas, danças, seu corte de cabelo mais tosco, sua polaina cor de rosa choque que combinava com sua jaqueta do Thriller. É relembrar cheiros, gostos, é ser clichê e pensar que em alguma época da sua vida você achou que não viveria até o ano 2000. É reconhecer o papel da sua família na sua vida e vice versa. É achar-se tola quando mais nova, quando sua mãe no final da tarde te chamava pelo nome e sobrenome só para te entregar um agasalho e você achava aquilo tudo muito ridículo, porque você se achava uma "pré- adolescente" indepentente e logo achava desnecessário todo aquele cuidado e senso de proteção. É ligar pros pais no meio da noite pra dizer que ama. É reconhecer que você já deu muitas cabeçadas na vida e ainda vai dar mais algumas, mas em determinadas situações vai ser mais racional, vai usar o bom senso e não deixar seus hormônios(que as vezes são mais parecidos com os do Charlie Sheen do que qualquer outra coisa) tomar as rédias. É encontrar aquele galã, vulgo "boy magia" maravilindo, recitando até os poemas não publicados do seu autor preferido, ter um estalo, a ficha cair e você pensar que essa é apenas mais uma pegadinha do Malandro e que esse cara não tem nada a ver com o homem que você gostaria de compartilhar a vida, pois você já o conhece de outros carnavais, com outro penteado, outra fragrância e sabe que na verdade a única magia desse boy, é a magia negra de noites em claro, choro, muita deprê e confusão. É pensar a longo prazo e deixar o imediatismo de lado na tomada de algumas decisões, é ter que renunciar algumas coisas em prol de outrem, é reconhecer que você tem seus ataques de loucura, tem frivolidades, alguns fetiches, fica emotiva na TPM e tranca na gaveta toda a sua coleção de filmes de comédia romântica e se acaba no chocolate! É aceitar que pessoas vem pra ficar por um tempo na sua vida e depois precisam partir, buscar novos horizontes e agradecer por aquelas que fazem parte dela de fato. É olhar pro espelho e ver que você já têm algumas marcas de expressão e que elas não sinalizam apenas que os anos estão passando, mas que você também está aprendendo. É encarar que você têm cinqüenta mil defeitos e pensar sobre o impacto deles na sua vida e na vida das pessoas que te amam e compartilham o dia a dia com você. É fazer uma lista de coisas que você sonha em fazer antes de partir, virar-se nos trinta para fazer, lidar com imprevistos que surgem no meio do caminho, refazer a lista com as mesmas coisas no ano que começa e cair na risada. É sair da defensiva e deixar os bons sentimentos e pessoas boas chegarem perto de você, é achar que você tem certeza de tudo num segundo e no outro ficar de perna mole e com borboletas no estomâgo ao ver alguém que você não esperava reencontrar. É contar até um milhão e colocar a cabeça no lugar, quando seu coração está aqui, seu corpo está ali e ver que tudo o que você já viveu foi importante para você ser quem é hoje. É não se render totalmente a tecnologia e ter um bom e velho dicionário Aurélio na cabeceira da cama, para não assassinar o português enquanto você tenta fazer uma crônica depois de meses sem escrever. É acima de tudo não perder o bom humor, viver sem medo de ser feliz e acreditar que bons anos estão por vir!

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